domingo, 2 de agosto de 2015

Quadrinhos: "Coffin Hill: Crimes e Bruxaria Vol. 1" e "Lições"


Desde os primórdios o terror teve lugar garantido dentro dos quadrinhos. Seja em histórias chinfrins e baratas, seja em outras mais elaboradas e significativas, sempre se fez presente. “Coffin Hill: Crimes e Bruxaria Vol. 1” que a Panini Comics coloca no mercado nacional é mais um título que faz essa tradição perdurar na nona arte. Esse volume compila as sete primeiras edições do título publicadas nos Estados Unidos pelo selo Vertigo entre dezembro de 2013 e junho de 2014. Com roteiro da escritora Caitlin Kittredge (da trilogia “O Código de Ferro”), arte de Inaki Miranda (“Fábulas”) e cores de Eva de La Cruz ambiciona honrar o gênero olhando para o passado de clássicas tramas, com um mal que espreita em uma floresta, mas que ninguém sabe exatamente do que se trata e de onde veio. A protagonista é Eve Coffin, descendente de uma antiga e rica família que tem no sangue a bruxaria. Tentando renegar isso em conjunto com um perverso acontecimento na adolescência, ela acaba se tornando policial e fica famosa ao prender um assassino serial. Logo após isso, porém, a personagem acaba saindo da polícia e retorna para a cidade natal no meio de uma bagunça que remete ao fato que a fez fugir quando jovem. Com roteiro bem construindo e mesclando passado e presente sem perder a atenção do leitor, “Coffin Hill” é uma boa história apesar da arte voltada mais para o público adolescente. Além disso, convenhamos que atualmente ter algo de terror que não envolva zumbis, vampiros ou lobisomens já se configura em relevante mérito.

Nota: 6,0


Em 2013 os irmãos Vitor e Lu Cafaggi encantaram milhares de leitores com “Laços”, releitura feita para Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, os clássicos personagens de Mauricio de Sousa, possível graças ao projeto “Graphic MSP”. O acerto foi tão grande que outra empreitada com a turminha logo foi prometida. “Lições” é essa sequência com lançamento agora pela Panini Comics com 82 páginas e duas opções disponíveis (capa cartonada ou dura), sendo o oitavo rebento oriundo da ideia de revitalização pretendida. “Lições” é um prolongamento lógico de “Laços”, onde a turminha está um pouquinho mais velha, um ano mais adiantada na escola, e, evidentemente, com uma nova gama de coisas e descobertas acontecendo ao seu redor. Os irmãos Cafaggi criaram de novo uma história comovente, que dessa vez não vem na embalagem de uma grande aventura com todos, mas na superação de obstáculos individuais, tendo como guia a forte amizade dos quatro. A trama é simples, porém funcional. Depois de uma travessura com um final não planejado os pais das crianças resolvem entrar na jogada e mudar a rotina deles para que aprendam com o episódio (daí vem o título). Com isso a garotada precisa sair dos costumes diários e encarar alguns desafios. A arte de “Lições”, assim como os personagens, também evolui e por si só já vale o trabalho. As feições, os olhares, a tristeza e alegria retratadas são de uma peculiar beleza. Em tempos de tanto cinismo e pouco afeto, essa nova releitura é um alívio singelo que faz cada um lembrar de uma época em que a vida era provavelmente mais amorosa e emocionante.

Nota: 8,5

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