quarta-feira, 15 de julho de 2009

"Indignação" - Philip Roth

No curso da vida de cada um, pequenos detalhes ou situações que na maioria das vezes são considerados insignificantes podem ser responsáveis por uma guinada no caminho da pessoa, resultando em um futuro diferente do que se planejara. Essa premissa não tão nova assim, é que conduz o novo livro do escritor norte americano Philip Roth, “Indignação”, (Companhia das Letras, 176 páginas), mostrando o autor em grande forma aos 76 anos.
Philip Roth já escreveu pequenas jóias do quilate de “Homem Comum”, “O Complexo de Portnoy”, “Complô Contra a América” e “Pastoral Americana”, ganhando vários prêmios, como o desejado Pullitzer, por exemplo. Sua narrativa que sempre é voltada para a influência da história americana na vida das pessoas, usando constantemente temas como a morte e a inadequação social, ganha alguns novos contornos.
“Indignação” traz como personagem principal, o jovem Marcus Messner, oriundo de uma família judaica de New Jersey (assim como o autor). A sua criação sempre foi admirando seus pais, principalmente o pai, um açougueiro kosher, que lhe repassou boas lições de moral no seu crescimento. No entanto, este mesmo pai que admirara começa a sufocá-lo com suas preocupações e Marcus se manda para uma universidade tradicionalista do meio oeste.
Estamos no começo dos anos 50 e os USA enfrentam uma dura guerra na Coréia, enquanto devagarzinho as suas tradições começam a ser arranhadas. Marcus morre aos 20 anos, mais precisamente em 31 de março de 1952 e é falecido que narra sua história. A prerrogativa da narrativa do ponto de vista de um morto, também não é uma saída tão original assim, mas com sua maneira de mostrar os fatos, Philip Roth se sai muito bem.
O escritor consegue sair um pouco dos temas que tanto gosta de explorar e nos apresenta uma história de descobrimento e consolidação. É claro que a política, a repressão e a morte se fazem presente, mas não necessariamente são o foco da trama, que opta por mostrar um jovem obstinado e inteligente, que vai sucumbindo perante as coisas da vida, que com seu jeito irredutível e anti-social de enxergá-las, não consegue ultrapassar.

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