segunda-feira, 18 de maio de 2009

"Até O Dia em Que o Cão Morreu" - Daniel Galera

Sabe aquele momento em que saindo da adolescência para a vida adulta você olha para todos os lados e não consegue achar um caminho? Pior ainda, você não quer achar um caminho e começar a encarar as coisas de verdade. Mais ou menos todo mundo passa por isso em dado momento. E é dentro desse contexto que encontramos o personagem principal de “Até o Dia em Que o Cão Morreu” do escritor gaúcho Daniel Galera.
O único detalhe é que o personagem em questão já não está saindo da adolescência, ele carrega seus 25 anos, por aí, e não quer absolutamente nada na vida, se acabando em cigarros e bebidas em um apartamento no centro de Porto Alegre, com vista para o Rio Guaíba que mantêm graças aos pais, que todo mês lhe mandam dinheiro. Essa adolescência tardia retratada pelo autor é cada vez mais constante na juventude dos nossos dias.
“Até o Dia em Que o Cão Morreu” é o segundo livro de Daniel Galera, o primeiro de 2001 somente de contos chamado “Dentes Guardados” está disponível para download no seu site (http://galera.livrosdomal.org). Originalmente este livro foi lançado em 2003 pelo selo Livros do Mal, mas ganhou reedição em 2007 pela Companhia das Letras. Com apenas noventa e poucas páginas, a escrita vem em tons viscerais, fortes e com muito ritmo.
Daniel Galera explora uma geração que ficou meio sem saber o que fazer quando tem que partir para a realidade e sair da aba dos pais. O personagem de “Até o Dia em Que o Cão Morreu”, guarda semelhanças com o Hermano do seu terceiro trabalho “Mãos de Cavalo” em diversas oportunidades. Seja pela inadequação com o mundo atual ou pela violência que lhe cerca a vida, mesmo esta sendo totalmente comportamental e não social.
O livro ganhou uma boa adaptação para o cinema pelas mãos de Beto Brant, chamada “Cão Sem Dono” e mostra um escritor com energia suficiente para moldar uma carreira de grande mérito. O envolvimento do personagem com o cachorro que traz para casa depois de uma bebedeira e com a modelo Marcela, exibe cores pesadas e carregadas de dúvidas sobre dar um passo adiante na vida ou se entregar a mesmice pelo resto dela.
Sobre “Mãos de Cavalo” , passe aqui.

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