quinta-feira, 1 de março de 2012

"Drive" - 2012


O cinema é uma terra fértil para que os chamados anti-heróis se apresentem. São inúmeros os casos desse tipo, que em menor ou maior escala vão desde o Michel Poiccard de “Acossado” até o Travis Bickle de “Taxi Driver” e desembarca mais recentemente também nas adaptações dos quadrinhos como o Rorschach de “Watchmen”. Em “Drive”, filme do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, mais um desses casos ganha destaque.

Esse recente caso é interpretado por Ryan Gosling (“Namorados Para Sempre”) em uma atuação sóbria e franca, pinçada por poucas palavras e quase sem nenhuma cor preenchendo espaços. O personagem que não ganha nome em momento algum vive em Hollywood se dividindo entre o trabalho de dublê em filmes modestos e as tarefas de ajudante em uma oficina, de propriedade do seu “agente” Shannon (Bryan Cranston de “Pequena Miss Sunshine”).

Entre um trabalho e outro, o motorista faz bicos servindo a qualquer tipo de causa (geralmente ilegais) que atendam seus requisitos, que tem como destaque a disponibilização de 5 minutos para que os contratantes façam o que bem entender, mas que antes e depois disso não há responsabilidade alguma. Tudo vai na toada que ele imagina ser a ideal, até que sua vizinha Irene (Carey Mulligan de “Educação”) atravessa junto com o filho a cem por hora na sua frente.

No roteiro de Hossein Amini baseado em livro de James Sallis existe uma ânsia, um leve desespero embutido em cada ação. Desde o personagem principal ao qual não é apresentada sua origem ou ideias, passando pelo marido de Irene que sai da prisão repleto de dívidas para pagar (Oscar Isaacs) e chegando até a dupla de mafiosos (Albert Books e Ron Perlman) que vê seu cômodo castelinho de cartas se desmanchar perante decisões pouco sábias.

Enxertado com doses suficientes de violência, “Drive” tem na narrativa silenciosa, aquilo que pode-se classificar como um diferencial em conjunto com ótimas cenas e uma trilha sonora melancólica e eficiente. O resgate e proteção que o protagonista tenta repassar para aqueles que assim deseja, são calibradas com um sentido quase inexplicável de fatalidade e o transforma, com sua jaqueta indefectível de escorpião, em uma figura emblemática desse atual (insípido) cinema.

Nota: 9,0

Assista ao trailer: 



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