quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Cinco Contra Um" - Beto Silva


Tem um ditado na minha terra natal que diz: “quando você pensa que é o dono do circo, corre o risco de ser o palhaço.” E isso é mais ou menos o que acontece com Moacir Stein, que após aplicar um elástico daqueles que só o Rivelino sabia dar e ganhar a pelada da quarta-feira, chega em casa todo feliz e cheio de moral para descobrir que a esposa está indo morar em Brasília, com o intuito de trabalhar no primeiro governo do Presidente Lula.

“Cinco Contra Um” é o novo livro do “casseta” Beto Silva que já havia lançado anteriormente o divertido “Julio Sumiu” em 2005 e o dispensável “Uma Piada Pode Salvar Sua Vida” em 2008. Com 240 páginas e distribuição da Editora Objetiva, o livro versa sobre um carioca meio perdedor e sem muita habilidade social, que aos 40 e poucos anos procura sobreviver no casamento e na sua empresa enquanto joga suas peladinhas semanais.

Beto Silva é um carioca nato e apaixonado torcedor do Fluminense e não deixa de levar isso para o romance. Às vezes até exagera um pouco na caracterização do estilo de vida e nas percepções em volta dos conterrâneos, mas no final acaba funcionando tudo mais ou menos bem na construção da divertida e bem humorada história. Utilizando um personagem com grande apelo para virar (anti) herói, agrada sem precisar fazer muito esforço.

“Cinco Contra Um” não esbanja excelência literária ou propõe um estudo mais elaborado das mazelas políticas do país. Longe disso. Suas armas estão voltadas para situações constrangedoras e cômicas que passam na frente de Moacir Stein, o Moa, que ao lado do impagável amigo Neco precisa salvar sua vida e recuperar família, dinheiro e um pouco do respeito pessoal. Longe da veia anárquica do Casseta e Planeta, Beto aqui faz piada sobre o cotidiano.

Em alguns momentos “Cinco Contra Um” lembra a prosa de “Julio Sumiu”, como também do “De Cada Amor Tu Herdarás Só o Cinismo” do Arthur Dapieve e deixa o leitor sempre com um sorriso. Mesmo que temas como traição, política e assassinato sejam tratados, o tom é sempre para a tragicomédia e assim com esse descompromisso serve bem para ser consumido em uma viagem ou para espantar o mau humor. É para rir sem ser ranzinza.

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