sábado, 27 de fevereiro de 2010

"O Guia do Mochileiro das Galáxias" - Douglas Adams

Passando por uma dessas lojas virtuais deparei com uma coleção reunindo os cinco livros da série “O Guia do Mochileiro Das Galáxias” do inglês Douglas Adams por um preço bem amigável. Ótimo investimento. A série que ganhou mais uma roupagem pela Editora Sextante é uma nova chance para se conhecer um universo criado a partir de muita sátira e ironia, onde personagens estranhos tocam sua vida em um completo banquete de estupidez e humor negro.
Lançada no final dos anos 70 e começo dos 80, passando primeiro pelo rádio até ganhar sua primeira versão impressa, os cinco livros se dividem em: “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, “O Restaurante no Fim do Universo”, “A Vida, O Universo e Tudo Mais”, “Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes!” e “Praticamente Inofensiva”. Na verdade os três primeiros é onde o néctar corrosivo de Douglas Adams está mais presente. Os dois últimos são menos interessantes. 

A história do perdedor e histérico Arthur Dent, que ao escapar da destruição do nosso planeta junto com um amigo em uma nave alienígena se vê no meio de complexidades que a sua pequena cabeça nunca irá entender, é irresistível. Os personagens criados por Adams são daqueles que ficam marcados na memória. Além de Dent, temos ainda Ford Prefect, Zaphod Beeblebrox, Tricia McMillan e o impagável Marvin, o andróide mais paranóico que a literatura já viu. 

Sempre preenchendo a história com toques do Guia do Mochileiro das Galáxias, uma espécie de guia para viagens intergalácticas, o autor explora e detona com extrema habilidade temas como política, guerras, religião, relacionamentos e os governos de modo geral. Nada passa impune as tiradas sarcásticas e repletas de acidez. A eterna procura do ser humano por explicações divinas e respostas para tudo é a que “sofre” mais nas mãos de Adams. Faz até pensar. 

Nascido em Cambridge na Inglaterra em 1952, o autor faleceu aos 49 anos, deixando para trás uma obra divertida e inteligente para ser admirada por muitos e muitos anos. O primeiro livro chegou até a ganhar em 2005 uma razoável interpretação para o cinema, com nomes como John Malkovich e Sam Rockwell no elenco, no entanto, é no papel que melhor se encaixa. É para não entrar em pânico e se imaginar tomando uma Dinamite Pangalática universo afora. 

Clássico.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"O Mensageiro" - 2010

Quando se fala sobre guerra é fácil cair no discurso habitual e imensamente repetido das suas mazelas. Por mais verdadeiro que seja esse discurso, a sua repetição sem novas idéias e olhares acaba enchendo um pouco a paciência. Em “O Mensageiro”, o diretor Oren Overman consegue ver a guerra (aqui mais especificamente a do Iraque) por um prisma inteligente. O foco no tema apesar de conduzir a trama serve apenas como causador das conseqüências apresentadas.
Nele, o sargento Will Montgomery (Ben Foster) chega ao seu país depois de passar por tempos ruins no Iraque. Ao chegar recebe a alcunha de herói e como se percebe no decorrer do filme, fica desconfortado com o fato. Como está ainda sofrendo os efeitos físicos da sua estada no oriente médio, Will é indicado para trabalhar em um serviço do exército pouco valorizado, mas muito importante. Trata-se da comunicação da morte de um soldado ao parente mais próximo.
Seu superior nessa nova empreitada é o Capitão Tony Stone (Woody Harrelson com a tradicional categoria), que aos poucos vai lhe passando todas as manhas e regras do novo serviço. Evidente que os dois são diferentes e nesse ponto o diretor poderia muito bem escorregar para a forma clichê que as duplas são tratadas no cinema. Erros, brigas e aprendizados fáceis. Na visão de Oren Overman esse aprendizado até que ocorre, mas em um nível quase imperceptível.
Ao conduzir o trabalho, fantasmas pessoais dos dois personagens principais começam a voar e dar suas caras ao espectador. São temas trágicos que envolvem bebidas, fracassos e decepções. O mundo de Will é completamente destruído e piora quando descobre que sua ex-namorada e maior paixão casará com outro. Tony é um veterano que se esconde atrás de uma faceta forte, mas que na verdade é carregada de mentiras para encobrir uma vida não tão brilhante assim.
A comunicação aos parentes dos mortos em um combate tão sem sentido, levanta a discussão sempre válida do porquê de jovens com um futuro todo pela frente, serem arremessados contra a morte. De maneira instigante e coesa, o roteiro aponta a destruição que a guerra causa na vida das pessoas envolvidas, sem mostrar nenhum derramamento de sangue. O roteiro não desliza e carrega um trabalho que emociona e questiona ao mesmo tempo, o que é bem difícil hoje em dia.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

"Sabonetes" - Sabonetes - 2010

Franz Ferdinand, The Strokes, Klaxons, Arctic Monkeys, The Rapture e Dirty Pretty Things. Essas são algumas das bandas que vão passando pela cabeça quando a estréia dos curitibanos do Sabonetes segue tocando no player. Misturando principalmente pós punk e indie rock, a banda debuta de maneira enérgica e destemida nesse ano de 2010. São 11 faixas que na sua maioria funcionam melhor em volume alto e tocando em algum clube de rock.
Lançado no começo desse ano, diretamente no site da banda de modo gratuito, “Sabonetes” traz uma banda nos melhores moldes do indie rock contemporâneo. Para escutar e dançar sem muitos limites. Desde 2004 na estrada, o grupo formado por Wonder (guitarra e vocal), Artur (guitarra e vocal), João Davi e Alexandre (bateria), segue a boa e velha fórmula do rock, de amigos se conhecendo pela faculdade e dali partindo para uma banda juntos.
O interessante de “Sabonetes” é que mesmo carregando as influências citadas no primeiro parágrafo como bateria principal, esta ainda se alimenta de outras como Terminal Guadalupe (na bonita “Hotel”), Radiohead (em “Boleros”) e Rock Brasil anos 80 (“Hora de Partir”). Algumas canções tem toda a força para virar hits certeiros nesse ano, como a abertura com “Nanana” e os rocks pulsantes e melódicos de “Haicai” ou “Quando Ela Tira o Vestido”.
O melhor momento do álbum, no entanto, fica por conta de “Enquanto Os Outros Dormem” que fugindo um pouco das letras em geral sobre relacionamentos que o trabalho explora, traz bons versos como: “Carrego os sonhos do mundo, quilos de chumbo no peito pesam mais (...) me sirva mais um trago do estrago que faz tão bem e deixa ao menos desta vez a insensatez te guiar”, além de um convidativo “Uô Uô Uô Uô” lá pelo meio. Ótima canção.
Os Sabonetes mostram também outro forte diferencial. Mesmo sendo uma banda independente e com lançamento gratuito na internet, tem um cuidado todo especial para os seus endereços na grande rede. Tudo muito bem feito. O grupo de Curitiba (agora radicado em São Paulo) não faz um disco perfeito no seu debut (mas quem faz isso hoje em dia?) e talvez nem precise tanto, pois com seu rock dançante com forte acento pop, já causa ótima impressão.
Site oficial onde o disco está disponivel para download:
http://www.sabonetes.net My Space: http://www.myspace.com/sabonetes

domingo, 21 de fevereiro de 2010

"O Desinformante!" - 2009

Mark Whitacre teve a vida que qualquer um poderia ter pedido a Deus. No começo dos anos 90, era um executivo em completa ascensão em uma grande empresa do setor agroindustrial, ganhava (muito) bem, tinha uma mulher devotada e uma casa grande e bonita. Sonho de consumo para boa parte da população norte-americana, isso não foi suficiente para ele, que se envolveu em uma trama desastrosa junto com o FBI e acabou pagando pelos seus erros.
Em cima dessa história real, o diretor Steven Soderbergh criou um filme de humor inteligente. “O Desinformante!” que chega agora em DVD é baseado no livro “The Informant: A True Story” de Kurt Eichenwald, e opta por dar um clima mais fantasioso em algumas cenas, como o próprio diretor avisa no início. O longa traz um Matt Damon inspirado no papel principal. Um pouco gordo, com óculos e bigode, o ator demonstra versatilidade para sua carreira.
A trama desastrosa que Mark Whitacre se envolve começa com a pressão da diretoria da empresa em cima dele, pois não conseguia resolver um problema em um de seus produtos. Para se safar, o executivo inventa uma mentira dizendo que o problema reside num vírus implantado por um espião de uma concorrente japonesa. O crime de espionagem atrai o FBI para o caso e Mark em vez de sair de cena, vai inventando mais e mais histórias mentirosas e desencontradas.
Transitando o personagem principal entre a pura estupidez e burrice com devaneios e transtornos de personalidade, Steven Soderbergh cria um ambiente que a cada novo passo dado há mais complicações surgindo. Utilizando um humor sucinto e sarcástico, “O Desinformante!” é agradável quase que em sua totalidade. As narrações em “off” de Mark Whitacre são ótimas sacadas que ao invés de explicar a visão distorcida do mesmo, acaba por agravar a confusão.
Misturando filmes de espionagem tradicionais com comédia, o diretor apresenta um filme muito bem feito, com algumas cenas realmente brilhantes (como a ameaça de um diretor a um grupo de japoneses de usar a máfia). A trilha sonora dá uma ajudada boa, entrando bem nas partes principais e com Matt Damon afiado no papel, destila um humor fino (em vários momentos lembrando os trabalhos dos irmãos Coen) que mesmo não resultando em uma obra prima, vale a sessão.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Um Olhar do Paraíso" - 2010

O diretor Peter Jackson consagrado mundialmente pela trilogia de “O Senhor dos Anéis”, volta à grande tela com “Um Olhar do Paraíso” (“The Lovely Bones”, no original). Seu novo filme é uma grande divisão de erros e acertos, que ao final tem um resultado apenas mediano. O projeto, bem distante das superproduções anteriores do diretor, é um drama sobre vida e morte, sobre causa e conseqüência. É na essência (ou deveria ser) sobre deixar partir e seguir em frente.
Em um subúrbio da Filadélfia de 1973, a garota de 14 anos Susie Salmon (interpretada muito bem por Saoirse Ronan) leva sua adolescência normalmente com suas dúvidas, alegrias e primeiras paixões. Certo dia ao sair da escola e marcar o primeiro encontro amoroso, Susie cai na conversa furada de um vizinho seu, George Harvey (Stanley Tucci em uma atuação fraca e irreconhecível) e acaba se deixando levar para o caminho que vai culminar no seu assassinato.
A sua morte é uma bomba que explode no meio de uma família feliz. Seu pai (um desastroso Mark Wahlberg) fica obcecado em desvendar o caso e destrói gradativamente seu casamento. A forma que a família trata a perda é um dos pontos positivos do filme. Mesmo com atuações pouco convincentes e uma Rachel Weisz pouco aproveitada como a mãe de Susie Salmon, o drama se sustenta bem. Susan Sarandon como a avó da menina é outro bom destaque.
Ao ser assassinada Susie Salmon vai para uma espécie de pré-paraíso, onde fica vendo sua família ruir. Lá bota a prova suas emoções como angustia, esperança e ódio. A fotografia e os simples e bonitos efeitos visuais são ótimos. As ambientações trazem beleza para a tela. No entanto, só isso não é suficiente para sustentar o longa. O roteiro baseado no livro de Alice Sebold não imprime um ritmo coeso, caindo quase sempre no dramalhão para agradar as multidões.
“Um Olhar do Paraíso” mesmo com uma protagonista inspirada não enche os olhos. Acredito que vá até impressionar um bom público e causar reações como a de um senhor ao sair do cinema que disse “que nunca mais havia visto um filme tão bom”. Essa é a grande sacada da arte, agradar diferentemente a cada um, porém, Peter Jackson tropeça onde poderia fazer um filme realmente bom. Ser regular para um diretor como ele, não deveria ser o bastante.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"Saturday" - Ocean Colour Scene - 2010

Sabe aquela música manjada que diz: “era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones...”? Os ingleses do Ocean Colour Scene não a conhecem (acredito eu), mas com seu novo disco “Saturday”, podem muito bem entrar nessa descrição. A banda que já conta com 20 anos de carreira sempre usou essas influências, mas nunca de modo tão imperativo como agora. O resultado disso? Um discaço. Ouso até dizer que o melhor da sua trajetória.
O Ocean Colour Scene já tinha voltado após uma época improdutiva com um bom disco, o “On The Leyline”. “Saturday” é o nono trabalho de estúdio e traz Simon Fowler (vocais), Steve Cradock (guitarra), Andy Bennett (guitarra), Dan Sealy (baixo) e Oscar Harrison (bateria) em grande forma. São 14 faixas que constituem um trabalho quase perfeito, com mínimos defeitos. A produção de Gavin Monaghan (The Editors) colabora bem para o resultado.
Logo na abertura com “100 Floors Of Perception”, o grupo já diz para o que veio. A música aparece como se fosse um Lado B do clássico “Beggar´s Banquet” dos Rolling Stones. “Mrs. Maylie” usa “Oliver Twist” de Charles Dickens para falar sobre vida e política. Em “Saturday”, é impossível não se render. Pop feito com maestria sobre uma letra descompromissada. Para tocar muito por aí. “Just A Little Bit Of Love” é John Lennon, influência-mor do rock inglês.
A banda convida o The Who e os Faces para a festa a partir dessa faixa. O britpop também dá as caras. Simon Fowler canta como se fosse um adolescente no rock de “Old Pair Of Jeans” e emociona no soul rock de “Sing Children Sing”. Para cantar junto e elevar o volume do som. “Harryy Kidnap” é uma bonita balada em homenagem a John Weller, falecido ano passado e “Magic Carpet Days”, o primeiro single, é mais uma canção que merece ser cantada junto.
“The Word” tem versos bem escritos, adequados na balada com o piano dando o tom para os violões. Típica canção para acender os isqueiros no show. “Village Life” canta o cotidiano de uma vida inglesa, com coro no refrão. “Postal” é o único defeito do álbum. Tentando ser um pouco mais modernos, o Ocean Colour Scene erra feio. Completamente dispensável. O disco volta aos seus grandes momentos na bonita “What's Mine Is Yours”. Setentista toda.
“Fell In Love On The Street Again” lembra muito Paul McCartney, enquanto a brincalhona e divertida “Rockfield” é a última a tocar. “Saturday” é um grande disco para quem gosta de rock bem feito e executado. Mostra uma banda segura, que sobreviveu ao estouro do britpop e mesmo com certa irregularidade na carreira, ainda é capaz de uma pequena obra prima dessas. “Saturday” é para tocar muito e agradar todos aqueles que como eles amam os Beatles e os Rolling Stones.
Sobre o "On The Leyline", passe aqui.
Site Oficial: http://www.oceancolourscene.com My Space: http://www.myspace.com/ocsmusic

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

"Eu Menti Pra Você" - Karina Buhr - 2010

“Eu Menti Pra Você”, estréia da Karina Buhr, é daqueles discos que na primeira música já oferece a rendição ao ouvinte. E é melhor se entregar e deixar levar. A faixa título traz barulhinhos e vários ritmos abraçados calmamente. Começa com quase um brega romântico, com Karina dizendo ser “uma pessoa má”, para depois com guitarras mais pesadas no fundo afirmar “mas eu tenho ainda um grande amor pra te dar, quero saber se você aceita ele como for”.
Karina que faz parte do Comadre Fulozinha, com o qual lançou um bonito registro ano passado, chega ao seu primeiro disco depois de uma carreira paralela já movimentada. Com uma banda de responsa, que traz Bruno Buarque (bateria), Mau (baixo), Guizado (trompete), Dustan Gallas (teclados e piano), Otávio Ortega (teclados e bases eletrônicas) e Marcelo Jeneci (acordeon e piano), “Eu Menti Pra Você” é um trabalho que rompe a barreira do agradável várias vezes.
Depois da primeira faixa, passa pela pop de “Vira Pó”, pela um pouco tensa “Avião Aeroporto” e deságua no rock retrô de “Nassíria e Najahf”, uma das melhores do álbum. Karina versa sobre um amor nas ruas das cidades iraquianas que tanto sofrem com a guerra. “Durma logo antes que você morra!”, brada. “O Pé” vem com um pequeno show do Guizado antes da melodia tomar conta. Bonito, bonito. Talvez seja a única que remeta um pouco ao trabalho da sua banda.
“Ciranda do Incentivo” é um funk torto onde trata-se das políticas de incentivos culturais que tantos músicos vivem criticando, com seus privilégios e direcionamentos. Karina brinca: “Eu vou fazer uma ciranda para botar o disco na lei de incentivo à cultura”, para emendar: “eu não sei negociar, eu sei no máximo tocar meu tamborzinho”. Em “Telekphonen” a eletrônica é que dita o ritmo e “Mira Ira” com melodia lembrando Arnaldo Antunes, encanta.
“Soldat” é uma brincadeira que mistura marcha militar e pós punk. “Esperança Cansa” mostra uma poesia cheia de vigor, enquanto “Solo de Água Fervente” é mais pop com suas quebradas de ritmo. A penúltima faixa “Bem Vindas”, é uma balada com letra nostálgica e solitária e “Plástico Bolha” termina tudo com um reggaezinho meio frevo que enaltece a boa preguiça. “Hoje eu não tô a fim de corre corre, confusão, eu quero passar a tarde estourando plástico bolha”. Dá até vontade.
“Eu Menti Pra Você” ainda traz as participações especialíssimas de Edgard Scandurra e Fernando Catatau (Cidadão Instigado), além do percussionista cubano Pedro Bandera. Karina Buhr projeta na sua carreira solo um trabalho bem diferente do Comadre Fulozinha, mas não menos cativante. Misturando um monte de sons de maneira leve e tranqüila, agrada muito. E no final acaba sendo bem mais do que a mulher que sabe “no máximo tocar seu tamborzinho”.
My Space:
http://www.myspace.com/karinabuhr
Sobre o disco do Comadre Fulozinha, passe aqui.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

"Onde Vivem Os Monstros" - 2010

Max é um garoto solitário, hiperativo e com muita raiva concentrada. Sua família não dá a atenção que ele acha que merece. Mora com a mãe Connie, que se divide entre a vida pessoal e o trabalho e com a irmã Claire que na verdade não lhe dá a mínima. Quando Max fica chateado por ver sua mãe com um namorado na sala, discute com a mesma e sai em disparada pela porta, correndo pelas ruas. Esse é o ponto de partida de “Onde Vivem Os Monstros” do diretor Spike Jonze.
Spike Jonze que já fez filmes do porte de “Quero Ser John Malkovich” e “Adaptação”, embala agora uma fantasia densa e dramática pelos sentimentos das crianças e por conseqüência de todos nós. Baseado no livro de Maurice Sendak, o longa explora pelo olhar de um garoto a relação do ser humano com seus próprios sentimentos e emoções. Raiva, dor, egoísmo, rejeição, solidão, inveja e tristeza se colocam no meio do caminho do crescimento e da vida.
Ao sair de casa depois da discussão com a mãe (interpretada por Catherine Keener, uma das favoritas do diretor), Max entra num devaneio no qual é transportado para uma ilha habitada por monstros. Ao ser percebido, inventa uma história furada e acaba virando rei desse mundo. Os monstros recebem vozes de atores como James Gandolfini, Chris Cooper e Forest Whitaker, sendo o ponto alto do filme. Representam todos os sentimentos e emoções descritos acima.
A forma que Spike Jonze encontra de retratar nas expressões dos monstros as emoções que vão aflorando é realmente brilhante. A interpretação do garoto pentelho, revoltado e até chato (mas enfim, nada muito distante de várias crianças) por Max Records também agrada. No universo de fantasia que inventa para si, Max tem que se alinhar com seus próprios desejos refletidos em seus súditos e perceber que as coisas não são tão simples como ele espera e sonha que seja.
Com uma trilha sonora agradável, apesar de em determinadas passagens soar um pouco cansativo, “Onde Vivem Os Monstros” é um trabalho interessante de ser visto. Spike Jonze tira o véu sobre a hipocrisia que passa a nos acompanhar quando adultos e desnuda um mundo duro e cruel que as crianças enxergam de uma maneira toda especial. Junta delicadeza e agressividade como se fossem irmãs e faz disso o ponto primordial para sua fábula nada convencional.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"El Turista" - Josh Rouse - 2010

Desde que foi morar na Espanha o americano Josh Rouse vem apresentando pequenas mudanças na sua sonoridade. A partir de “Subtítulo” de 2006, vem adicionando alguns enxertos de ritmos diferentes daquilo que estava acostumado a proporcionar. Na sua mais recente incursão fonográfica, essas mudanças se tornaram até radicais. O toque de Midas para compor melodias de ouro ainda está presente, mas o corpo instrumental avança para outros caminhos.
“El Turista” rende em uma análise mais quadrada e geral, um olhar do que o próprio título remete: o de um turista. Josh Rouse mexe com música cubana e brasileira e insere latinidade e uma percussão mais grave para os seus padrões, junto com algumas nuances de jazz ali e acolá. O resultado, no entanto, é apenas mediano, pois apesar do músico ser capaz de construir harmonias e melodias como poucos, se perde na falta de suingue necessário para algumas faixas.
“Bienvenido” abre em um tema instrumental para que as primeiras três músicas tragam a parte onde a marca do músico mais aparece. “Duerme” e “Lemon Tree” trazem um balanço moderado, fazendo cantar junto e “Sweet Elanie” começa com a tradicional melodia cantada apenas sobre o violão, tão característico dos seus discos. É a partir de “Mesie Julian”, cover do cubano Bola de Nieve que o meio do campo começa a se enrolar. E não convence.
A seqüência vem com “I Will Live On Islands”, uma boa confusão, uma espécie de híbrido de country e música cubana. Divertida e deslocada. “Valencia” toda caribenha e com pitadas de música brasileira, parece aquele gringo que se encanta com o país e tenta balançar no mesmo ritmo. Em “Cotton Eyed Joe”, versão para a tradicional canção norte americana, Josh Rouse volta a encantar com uma levada bonita, com o jazz inflando o clima de beleza.
“Las Voces” chega e trava novamente o jogo. Com percussão forte é completamente bêbada ao tentar ser “caliente”. “Don't Act Tough” encerra “El Turista” com orquestrações e em tom menor. Um agradável réquiem para um trabalho inconsistente. No seu novo disco, Josh Rouse não consegue encantar como anteriormente, não por ter implantado outros ritmos, mas principalmente por não ter em seu DNA o balanço primordial para a execução deles.
Site oficial: http://www.joshrouse.com

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Stereoscope, Superguidis, Re-Volt e Wilco

Salve, salve minha gente amiga...
Começo de ano e algumas coisas bacanas estão disponibilizadas gratuitamente pela internet. De singles a shows. Se liga aí:
**A banda paraense Stereoscope (uma das prediletas aqui da casa), coloca no Senhor F o primeiro single de seu terceiro disco “Conjunto de Rock”, com três músicas: “Canção Que Não Toca no Rádio”, “A Doce Vida” e “O Rei Sozinho”.
Passa aqui: http://www.senhorf.com.br/mp3/StereoScope-Single_(Conjunto_de_Rock).rar
**Os gaúchos do Superguidis também lançam pelo Senhor F o primeiro single do seu terceiro disco. Traz as músicas: “Não Fosse o Bom Humor”, “Visão Além do Alcance”, além de uma versão acústica para a ótima “Malevosidade”.
Passa aqui: http://www.senhorf.com.br/mp3/Superguidis-Single_Nao_fosse_o_bom_humor.rar
**O Re-Volt (banda do Anderson, ex-Jason) divulga o segundo single do primeiro álbum no seu My space. Bem bacana. Mas “Mesmo Sem Querer” também pode ser pego com capinha e letra aqui: http://www.4shared.com/get/206538244/2b9fab53/Mesmo_sem_Querer.html
**E o Wilco disponibiliza dois showzaços no seu site oficial realizados ano passado no Brooklyn e em Londres, a fim de arrecadar verbas para as vítimas do terremoto no Haiti. Os shows são baixados na faixa, mas a banda pede para que se faça uma doação para os Doctors Without Borders (http://doctorswithoutborders.org) ou a OXFAM (http://www.oxfam.org/en/haitidonate).
Outra dica de doação (mais fácil) é no Banco do Brasil que abriu uma conta exclusiva para tanto e transfere diretamente para a conta do governo do país. Foi lá que fiz a minha. Os dados são: “SOS Haiti” - Agência 1606-3, Conta corrente 91.000-7.
O endereço para o download dos shows é: http://wilcoworld.net/causes
Por enquanto, é isso. :)
Paz Sempre!!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"End Times" - Eels - 2010

Mark Oliver Everett já passou por poucas e boas na vida. Perdeu familiares e amigos vitimados com doenças e outras desgraças. O sentimento por trás dessas perdas sempre nutriu diretamente o Eels, grupo do músico, que na verdade funciona em torno da sua figura. Depois de um hiato de quatro anos, E. (como também é chamado) retornou com um ótimo disco ano passado, “Hombre Lobo: 12 Songs Of Desire”, no qual utilizava um personagem para descarregar suas emoções.
Pouco mais de seis meses depois, agora no comecinho de 2010, o Eels aparece com mais um álbum. “End Times” lançado pela Vagrant Records é um disco triste, extremamente triste e sem esperança. Utilizando suas próprias visões nas canções, Mark Everett imprime com marca forte letras sobre perdas, desilusões e carência. Em “End Times”, o Eels mostra a face de um cidadão de meia idade que se vê um pouco perdido enquanto busca encontrar seu lugar no mundo e conviver com suas falhas.
Para a gravação do disco Mark Everett se enfiou dentro do porão e elaborou as 14 canções que passam na maioria em níveis mínimos e com poucos instrumentos. Já na abertura com “The Beginning” o clima do disco se apresenta e aparecem os versos "tudo foi lindo e livre” para serem encaixados na seqüência por um “no princípio” que designa o que virá. Na canção titulo, faz uma espécie de depoimento: “eu ando em torno de uma poça na rua (...) eu não sinto nada agora, nem mesmo o medo.”
Em “Nowadays”, com violões que a tornam mais acessível, além de uma bonita harmônica, Mark Everett canta como um antigo trovador solitário: “hoje em dia quando você for para uma caminhada, melhor não parar e dizer olá”. Decepção, isolamento e receio batem com força na porta. Na emotiva “I Need A Mother”, a carência afetiva por um amor perdido encontra paralelo com o amor de mãe: “eu preciso de uma mãe(...) eu preciso de uma amante, não alguém como você”.
A poesia meio suja de “In My Younger Days”, o ritmo mais cru de “Paradise Blues” e a contemplativa “Little Bird”, são outros bons momentos. “End Times” talvez seja o disco mais difícil da carreira do Eels (e olha que isso não é fácil não), nem tanto por sua construção sonora e sim pela sua visão pessimista e derrotada do mundo em que vivemos. Pode-se até discordar de alguns pontos das letras de Mark Everett, e abusar do positivismo como guia, mas mesmo assim é um disco que faz pensar.
Sobre o disco anterior da banda, passe aqui.
Site Oficial: http://www.eelstheband.com

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"Zero To 99" - Boston Spacheships - 2009

Todo ano é a mesma coisa. Depois de fechar a velha listinha de melhores do ano e divulgar, eis que surge um disco que merecia fazer parte da relação. Dessa vez o tal disco foi “Zero To 99” do Boston Spaceships, projeto que o Robert Pollard do Guided By Voices toca com Chris Slussarenko (ex-Guided By Voices) e John Moen (The Decemberists) desde 2008. Em 2009 mesmo, lá no comecinho, o grupo já havia lançado “The Planets Are Blasted”.
“Zero To 99” é bem superior ao registro anterior (e também ao primeiro de 2008). Grande parte dessa “culpa”, pode ser atribuída as participações especiais de músicos como Peter Buck (R.E.M), Scott McCaughey (Minus 5 e apoio no R.E.M) e Sam Coomes (Quasi). Nesse disco o Boston Spaceships mistura pop sessentista, psicodelia, rock garageiro e pitadas lo-fi (que o Robert Pollard tanto gosta de fazer). O resultado é um disco melodioso e vibrante.
São apenas 37 minutos divididos em 16 canções. Em “Pluto The Skate”, a primeira faixa com apenas 1 minuto e 17 segundos, parece que estamos na frente de algum disco do Guided By Voices. Na sequência chega “How Wrong You Are”, um rock sessentista com refrão pegajoso, violões quebrando o ritmo e um coro mais no final. E vamos embora. Daí em diante “Zero To 99” não para de agradar. A inglesa “Radical Amazement” que vem a seguir é apenas mais um exemplo.
Em “Found Obstruction Rock 'n' Roll (We're The Only Ones Who Believe In Love)”, a banda obriga a aumentar o valor do som, enquanto as guitarras garageiras explodem e o vocal cheio de efeito comanda a porrada. Suja e saborosa. Vão se alternando momentos calmos (até onde isso pode ser) com outros mais agitados, mas sempre mantendo uma pegada contagiante, baseada em boas melodias. A bonita “Question Girl All Right” é um bom retrato disso.
Robert Pollard é um inquieto de carteirinha (quantos discos ele lançou esse ano? Cinco? Seis?) e costuma acertar bem mais do que errar nas suas viagens. “Zero To 99” é uma ótima demonstração disso. O terceiro disco do Boston Spaceships merece muito ser mais conhecido e escutado. O rock a lá Rolling Stones de “Trashed Aricraft Baby”, a melodia grudenta de “Meddle”, a contagiante “Mr. Ghost Town” e o pop classudo de “The Comedian”, não me deixam mentir.
Site Oficial: http://www.bostonspaceships.com My Space: http://www.myspace.com/bostonspaceships

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

"Lunar" - 2009

A terra caminhou para um futuro onde as fontes de energia quase se esgotaram. A saída para dominar o caos foi extrair essa energia do lado escuro da Lua. Para tanto, a empresa Lunar Industries mantêm uma sede no local, onde um solitário funcionário comanda o envio da matéria prima para a terra. Máquinas predominam no local. É nesse futuro (possível talvez) que o diretor Duncan Jones ambienta seu filme “Moon” (que aqui recebeu a alcunha de “Lunar”).
“Lunar” não passou pelos cinemas nacionais e chega diretamente em DVD, apesar de uma trilha interessante de prêmios no exterior. Grave erro da distribuidora. Na sua estréia cinematográfica (tinha feito apenas um curta anteriormente) Duncan Jones exibe uma técnica e criatividade notável. O diretor que é filho de David Bowie conseguiu construir com um pequeno orçamento, uma Lua plenamente verossímil e com bons recursos visuais.
Mesmo com a direção precisa e um roteiro bem amarrado, o grande mérito é Sam Rockwell no papel do astronauta solitário da base. O ator quase sempre tem ótimas interpretações (vide “Confissões de Uma Mente Perigosa” e “Os Vigaristas”, entre outros), mas continua renegado ao segundo plano. Em “Lunar”, ele esbanja categoria para todos os lados. Mistura desejo, praticidade, raiva, delicadeza e loucura. E convence. Convence muito.
Sam está prestes a cumprir seu período na base da Lunar Industries, que demanda três anos. Não tem contato ao vivo com a Terra, mas recebe mensagens da sua esposa e filha, além de seus superiores. Seu único companheiro é Gerty, um amigável robô que carrega a voz de Kevin Spacey. Gerty é outra sacada bacana. O robô partilha um sentimento de amizade com Sam e suas expressões são demonstradas através de uma carinha Smile no visor.
Faltando apenas duas semanas para voltar para casa, Sam sofre um grave acidente provocado por uma alucinação sua. O acidente é o ponto de partida para que ele entenda que nada é o que parecia, e o seu mundo está devidamente revirado do avesso. O rumo que o filme toma depois dessa descoberta (que não vale a pena contar, para não estragar) ganha ainda mais força, com Sam Rockwell explodindo em uma espiral de emoções a cada momento.
“Lunar” é um filme de ficção cientifica, logo algumas liberdades têm que ser perdoadas, assim como a comparação com suas referências, como “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, clássico de Stanley Kubrick de 1968. Duncan Jones usa as suas referências apenas como base e não como cópia. Seu filme é introspectivo, com sentimentos e emoções provados em doses e com alguns toques de cinismo e desesperança. É intimista, simples e bastante bonito.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Top Top - Os Melhores de 2009

Salve, salve minha gente amiga...
Como é de costume aqui do blog, depois de toda poeira baixar sobre os melhores do ano é que apresentamos a nossa listinha. Como sempre ela chega no final de janeiro (ou comecinho de fevereiro) para curar a ressaca do ano anterior e lembrar o que de melhor já passou. Um ano de discos nacionais interessantíssimos, mas que na esfera internacional foi apenas mediano.
Chega de papo e segue abaixo o nosso “Top Top”:
TOP 25 – DISCO NACIONAL
01 – C_mpl_te – Móveis Coloniais de Acaju (http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br
02 – UHUUU! – Cidadão Instigado (http://www.cidadaoinstigado.com
03 – Iê Iê Iê – Arnaldo Antunes (http://www.arnaldoantunes.com.br
04 – Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos – Otto (http://trama.uol.com.br/otto/hotsites/principal)
05 – Atlântico Negro – Wado (http://www2.uol.com.br/wado
06 – Tudo Que Eu Sempre Sonhei – Pullovers (http://pullovers.com.br
07 – Vagorosa – Céu (http://www.ceumusic.com
08 – Banda Gentileza – Banda Gentileza (http://www.bandagentileza.com.br
09 – Pela Contramão – Clube do Balanço (http://clubedobalanco.uol.com.br) 
10 – Chorume – Numismata (http://tramavirtual.uol.com.br/numismata
11 – Life Is a Big Holiday For Us – Black Drawing Chalks (http://www.myspace.com/blackdrawingchalks)
12 – Frascos Comprimidos Compressas – Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta(http://www.roneijorgeeosladroesdebicicleta.com
13 – No Chão Sem o Chão – Romulo Fróes (http://www.myspace.com/romulofroes
14 – Nervoso e Os Calmantes – Nervoso e Os Calmantes (http://www.myspace.com/nervosoeoscalmantes
15 – A Força do Hábito – Poléxia (http://www.polexia.com.br
16 – Será Que Caetano Vai Gostar? – Marcelas Bellas (http://marcelabellas.com.br
17 – “...Luisa Mandou um Beijo...” – Luisa Mandou um Beijo (http://www.luisamandouumbeijo.com
18 - Vou Voltar Andando - Comadre Fulozinha (http://www.myspace.com/comadrefulozinha)  
19 – Brasil Afora – Os Paralamas do Sucesso (http://osparalamas.uol.com.br
20 – Simplesmente – Os The Dárma Lovers (http://www.darmalovers.com
21 – Plano de Fuga dos Outros e de Mim – Letuce (http://www.myspace.com/letuceletuce
22 – Como Num Filme Sem Um Fim – Pública (http://www.publicaoficial.com
23 – Hoje – Lestics (http://www.lestics.com.br
24 – Rock n’ Roll – Erasmo Carlos (http://www.erasmocarlos.com.br)  
25 – A Aurora do Deicida – Pedrinho Grana e Os Trocados (http://www.myspace.com/pedrinhograna)
TOP 25 – MÚSICA NACIONAL
01 – Adeus – Móveis Coloniais de Acaju 
02 – Canção do Vento – Nervoso e Os Calmantes 
03 – Clara – Ricardo Koctus 
04 – Aposte em Mim – Os Paralamas do Sucesso 
05 – Seis Minutos – Otto 
06 – Me Leve – Marcela Bellas 
07 – Paris, Texas – Ludov 
08 – O Tempo – Móveis Coloniais de Acaju 
09 - O Indecifrável Mistério de Jorge Tadeu – Banda Gentileza 
10 – Pavão Macaco – Wado 
11 – Brocólis Exposto Ao Sol – Juca Culatra & Power Trio 
12 – Prejuízo – Numismata 
13 – Espaçonave – Céu 
14 – Planeta dos Macacos – Suzana Flag 
15 – Gloss- Poléxia 
16 – FDP – Velhas Virgens 
17 – Velho – Lestics 
18 – Corácion – Banda Gentileza 
19 – Homem Velho – Cidadão Instigado 
20 – Sensacional Brenda Lígia – Clube do Balanço 
21 – A Casa é Sua – Arnaldo Antunes 
22 – Canto de Ossanha – Manacá 
23 – Ó Você Dizendo – Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta 
24 – Laura Te Espera Com Uma Arma Na Mão – Stela Campos 
25 – Todas As Canções São de Amor – Pullovers
TOP 25 – DISCO INTERNACIONAL
01 – Killingsworth – The Minus 5 (http://www.minus5.com
02 – Years Of Refusal – Morrisey (http://www.itsmorrisseysworld.com
03 – The Pains Of Being Pure At Heart - The Pains Of Being Pure At Heart (http://www.thepainsofbeingpureatheart.com
04 – There Is No Enemy – Built To Spill (http://www.builttospill.com
05 – In And Out Of Control – The Raveonettes (http://www.theraveonettes.com
06 – Tonight: Franz Ferdinand – Franz Ferdinand (http://www.franzferdinand.co.uk
07 – The Eternal – Sonic Youth (http://www.sonicyouth.com
08 – God Help The Girl – God Help The Girl (http://www.godhelpthegirl.com
09 – Them Cooked Vultures - Them Cooked Vultures (http://www.themcrookedvultures.com
10 – Tecnicolor Health – Harlem Shakes (http://www.harlemshakes.com
11 – Wolfgang Amadeus Phoenix – Phoenix (http://www.wearephoenix.com
12 – Wilco (The Album) – Wilco (http://www.wilcoworld.net
13 – Fork In The Road – Neil Young (http://www.neilyoung.com
14 – Juju Claudius – The Chatam Singers (http://www.myspace.com/thechathamsingers
15 – A Strange Arrangement – Mayer Hawthorne (http://www.myspace.com/mayerhawthorne
16 – Tremolo – The Pines (http://www.thepinesmusic.com
17 – Changing Horses – Ben Kweller (http://www.benkweller.com
18 – Constellation – Salim Nourallah (http://www.salimnourallah.com
19 – Deaths & Entrances – My Latest Novel (http://www.mylatestnovel.com
20 – Devotion Implosion – Gliss (http://www.myspace.com/gliss
21 – Hombre Lobo: 12 Songs Of Desire – Eels (http://www.eelstheband.com
22 – American Central Dust – Son Volt (http://www.sonvolt.net
23 – What I Know – Tom Rush (http://tomrush.com
24 – Together Trough Life – Bob Dylan (http://www.bobdylan.com
25 – Com Law – Generationals (http://generationals.com)
TOP 25 – MÚSICA INTERNACIONAL
01 – Who Fingered Rock n’ Roll – Cornershop 
02 – Sunlight – Harlem Shakes 
03 – All You Need Is Me – Morrisey 
04 – The Disembowlers – The Minus 5 
05 – Sink Or Swin – Bad Lieutenant 
06 - When They Fight, They Fight – Generationals 
07 – Young Adult Friction - The Pains Of Being Pure At Heart 
08 – Me Gusta El Rock – Alfonso El Pintor 
09 – I Feel A Change Comin On – Bob Dylan 
10 – Liztomania – Phoenix 
11 – Bang! - The Raveonettes 
12 – Carries On – Edward Sharpe & The Magnetic Zeros 
13 – Your Easy Lovin’ Ain’t Pleasin’ Nothin’ - Mayer Hawthorne 
14 – Life’s A Dream – Built To Spill 
15 - El hijo de Hernández – El Cuarteto de Nos 
16 – No You Girls – Franz Ferdinand 
17 - I'm Throwing My Arms Around Paris – Morrisey 
18 - Argument Against The Man – My Latest Novel 
19 – Ordinary Man – Eels 
20 – You And I - Wilco 
21 – Sawdust Man – Ben Kweller 
22 – Beatiful – The Lemonheads 
23 - Pictures Collected – Salim Nourallah 
24 - Sacred Trickster – Sonic Youth 
25 – Shiny Shoes – The Pines
Paz Sempre!!